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Writer's pictureAssessoria de Comunicação

O que é inflação?

1. Inflação É o aumento generalizado dos preços de bens e serviços, verificado em um intervalo de tempo definido, como um mês ou um ano.

Geralmente, a taxa de inflação de um país é medida pela variação de um índice de custo de vida (ver os verbetes nº 2 – “Custo de Vida” – e nº 5 – “Índice de Inflação e Índice do Custo de Vida”).

No Brasil, por exemplo, a “inflação oficial” é representada pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA é um índice de custo de vida, que reflete a inflação dos produtos e serviços consumidos por famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos.

Outro indicador de inflação, também calculado pelo IBGE, é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – que é também um índice do custo de vida, frequentemente utilizado nas negociações coletivas. Tem a mesma metodologia do IPCA, mas as famílias pesquisadas são aquelas com renda de 1 a 5 salários mínimos.

Quando se diz que a inflação está subindo, o que se está querendo dizer é que o percentual de aumento dos preços está subindo (por exemplo: em determinado mês os preços aumentaram 1% e, no mês seguinte, aumentaram 1,2%). Já quando se diz que a inflação está caindo, isso não significa que os preços estejam menores, mas que a taxa de crescimento dos preços desacelerou (por exemplo: a inflação de um mês foi de 1,3% e, no mês seguinte, os preços aumentaram 1,1%).

Em determinadas situações, que geralmente duram pouco tempo (às vezes apenas alguns meses), a média dos preços pode de fato cair, o que se reflete em um percentual negativo de evolução do índice de inflação. Nesse caso, diz-se que houve “deflação”.

É preciso destacar um ponto, porém: se a variação dos preços de todos os produtos e serviços, dos aluguéis, dos salários (os reajustes salariais) e demais contratos ocorresse na mesma proporção e na mesma velocidade, não haveria problema. Mas como e quem, então, dá início ao processo? O que ocorre é que a inflação não é neutra.

Alguns saem na frente, detonam o processo e se beneficiam da inflação, outros conseguem manter razoavelmente sua posição relativa, mas a maioria perde. A inflação funciona como um eficiente e perverso mecanismo de distribuição de renda, a favor daqueles agentes econômicos com poder de impor aumentos, ou, pelo menos, de proteger seu dinheiro diante do aumento de preços. (Ver o verbete nº 46 – “Distribuição de Renda”).

Tipos de inflação Os/as economistas costumam classificar os processos inflacionários em três tipos, de acordo com suas causas: 1) inflação de custos; 2) inflação de demanda; 3) inflação inercial.

A inflação de custos é provocada pelo aumento de preços das matérias primas, dos insumos, dos impostos, dos juros ou dos salários pagos na produção de bens e serviços, sempre que esses aumentos são repassados aos preços finais.

A inflação de demanda ocorre quando a procura por bens e serviços cresce mais do que a sua oferta pelas empresas ou pelo governo. Nesse caso, a inflação surge sempre quando quem tem mais dinheiro disponível se dispõe a pagar mais caro para obter o produto ou serviço que está escasso.

A inflação inercial ocorre quando grande parte dos contratos (de aluguel, de financiamento habitacional, de salários, de tarifas públicas etc.) está atrelada ao comportamento de um índice de preços (por exemplo, o IPCA, ou o INPC, ou o IGP-M). Mesmo que esse atrelamento seja informal, isto é, não esteja previsto em um contrato.

Nesses casos, o que ocorre é a transposição, para o período futuro, dos aumentos de preços verificados no período passado: a inflação do próximo período (mês, semestre ou ano) será grande, porque foi grande no período passado (último mês, último semestre, ou último ano, por exemplo). A inflação inercial ocorre mesmo que não haja nenhuma pressão adicional de custos ou de demanda (os outros dois tipos mencionados).

Para cada diagnóstico das causas da inflação, há “remédios” considerados mais apropriados.

Se o diagnóstico for de inflação de custos, a política econômica costuma voltar sua atenção para a possibilidade de redução dos custos das matérias-primas e dos insumos, diversificando as fontes de fornecimento (por exemplo, via importações); atuando no mercado e colocando à venda parte dos estoques reguladores de produtos a cargo do Estado para forçar a queda dos preços; reduzindo as taxas de juros e, consequentemente, os custos financeiros das empresas; e, em alguns casos, até subsidiando temporariamente determinados preços (como os preços administrados: combustíveis, energia elétrica, telefonia etc.), sob o risco de asfixiar a saúde financeira das empresas estatais responsáveis pelo seu fornecimento e aumentar o déficit público.

Se o diagnóstico for de inflação de demanda, a política econômica tenderá a privilegiar medidas de contenção do consumo, para adequá-lo à oferta escassa de produtos e serviços. Nesses casos, medidas costumam ser adotadas no sentido de aumentar as taxas de juros; de reduzir os prazos dos financiamentos ao consumo; e, não raramente, de promover a contenção dos salários.

São também indicadas políticas para o aumento da oferta daqueles produtos e serviços que impactam mais fortemente a inflação, por exemplo por meio de financiamentos mais generosos para os setores produtores (crédito agrícola barato, redução de tarifas de importação de máquinas e equipamentos, aumento de carências e extensão do prazo para pagamento de empréstimos ao setor produtivo etc.).

Se o diagnóstico for de inflação inercial, quando os preços são majorados de acordo com a inflação observada no período imediatamente anterior, a iniciativa do governo tenderá para a obtenção da desindexação dos contratos, inclusive dos salários (ver o verbete nº 20 – “Indexação e Desindexação Salarial”). Todos os planos de estabilização monetária (Plano Cruzado, Plano Verão, Plano Bresser, Plano Collor e também o Plano Real, de 1994), baseavam-se muito nesse diagnóstico, de que o principal componente da inflação era o fator inercial.

O problema era que, na data de lançamento dos planos, cada agente econômico se encontrava em uma posição diferente, em relação à sua capacidade de recuperar perdas. Alguns estavam com seus preços muito bem indexados (em magnitude e velocidade de indexação), outros apresentavam uma indexação menos protetiva ou de aplicação menos imediata, como os aluguéis – que tinham indexação semestral – ou os salários.

Desindexar os contratos abruptamente significava criar, no momento posterior aos planos, um forte estímulo de remarcação de preços daqueles que tinham sido pegos “de calças curtas” no momento do plano. Inclusive os preços administrados pelo governo (combustíveis, energia elétrica, gás de cozinha, água etc.), frequentemente represados antes dos planos, como forma desesperada de conter a inflação. Por isso, para não “quebrar” as empresas desses setores, os planos sempre traziam, em seu bojo, um forte aumento das tarifas públicas (“tarifaço”), ele mesmo um forte vetor gerador de inflação de custos nos meses seguintes.

Este foi um dos principais fatores que levaram ao fracasso dos vários planos implantados entre fevereiro de 1986 (Plano Cruzado) e 1992. Para evitar esse cenário, o Plano Real estabeleceu, no início de 1994, um período de “superindexação dos contratos”, inclusive dos salários e dos preços administrados, com base na URV (Unidade Real de Valor), mecanismo de indexação diária, com base na cotação do dólar.

Com isso, promovia-se uma certa equalização na intensidade e no ritmo de elevação dos preços dos diversos setores – e também dos salários –, para só depois haver a mudança da moeda e o fim da indexação dos contratos. Esse artifício evitou que o Plano Real se fizesse acompanhar de um “tarifaço” e também de um congelamento compulsório dos preços, garantindo-lhe uma possibilidade de êxito muito maior do que a de seus antecessores.

Ocorre que, muitas vezes, essas diversas causas de inflação se apresentam de forma associada, tornando complexa a elaboração de políticas públicas consistentes e eficazes. E, do ponto de vista político, é preciso saber, antes de tudo, quem vai arcar com os ônus de cada medida de política econômica adotada e como reagirá a isso.


Hiperinflação ou superinflação? A história econômica brasileira – especialmente a partir da década de 1950 – registra um processo crônico de elevação dos preços, poucas vezes refreado. A partir do ano de 1980, a inflação, medida pelo INPC, atingiu a casa dos 100% ao ano, em processo de escalada crescente. Em 1985, foi de 239,05%. E, em 1988, a taxa de inflação bateu em 1.000% de janeiro a dezembro daquele ano.

De 1986 a 1991, foram decretados seis planos (fracassados) de estabilização monetária (Plano Cruzado, em fevereiro de 1986; Plano Cruzado II, em novembro de 1986; Plano Bresser, em junho de 1987; Plano Verão, em janeiro de 1989, Plano Collor, em março de 1991; e Plano Collor II, em janeiro de 1992. Em todos eles, após um curto período de alguns meses de forte redução nas taxas de inflação, o aumento dos preços retornava ainda com mais ímpeto.

No ano de 1993, a taxa atingiu 2.489,11% entre janeiro e dezembro. No ano seguinte, a taxa atingiu incríveis 5.013,82% nos doze meses completados em junho de 1994, no período imediatamente anterior ao Plano Real, consolidado em 1º de julho daquele ano.

Muitos analistas consideram que, nesses períodos, o Brasil viveu um processo de “hiperinflação”.

A rigor, a hiperinflação ocorre quando a moeda perde suas três funções básicas: 1) como meio de troca (por exemplo, quando há substituição da moeda nacional pelo dólar na compra e venda de produtos e serviços); 2) como denominação monetária dos ativos e dos contratos (como, por exemplo, quando a fixação de preços dos imóveis, aluguéis, salários e demais contratos também passa a ser feita em dólar, ou outra moeda forte); e 3) como reserva de valor (neste caso, quando há corrosão do poder aquisitivo da moeda, em função das elevadíssimas taxas de inflação, situação em que guardar dinheiro “no cofre”, ou “debaixo do colchão”, ou mesmo na conta corrente do banco significava perder muito dinheiro ao longo dos meses).

No caso brasileiro, de meados da década de 1980 até meados da década de 1990, essas três funções básicas da moeda foram muito abaladas – umas mais que outras –, mas sobreviveram parcialmente, devido ao instituto da correção monetária, que criava uma espécie de “moeda indexada”, que garantia, em boa medida, o valor das aplicações e dos contratos. Por isso, não tivemos um processo de dolarização total da economia. Por esse motivo, também, muitos analistas preferem chamar o processo inflacionário vivido naqueles anos de “superinflação”, em vez de “hiperinflação”


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