UNIÃO DE SINDICALISTAS E LIDERANÇAS INDÍGENAS: IMPORTANTES AVANÇOS NAS LUTAS E CONQUISTAS!
Com o propósito de reforçar o protagonismo dos Povos Indígenas e as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras pelos seus direitos, a União Geral dos Trabalhadores (UGT), em parceria com o Solidarity Center (AFL/CIO), realizou nos dias 22 e 23 de agosto, a última Etapa do Curso de Formação Político-sindical/2023, no formato híbrido (presencial e virtual), com sede presencial em Manaus (Centro Cultural dos Povos da Amazônia), e contou com a presença de inúmeras autoridades políticas, de sindicalistas e lideranças indígenas de várias etnias.
Coordenada pela Secretaria de Organização e Formação Político-sindical e pela Secretaria Nacional dos Povos Indígenas (UGT), essa etapa teve o objetivo não apenas contribuir com o fortalecimento dos sindicatos e com as lutas dos trabalhadores, mas, também, contribuir com as lutas dos Povos Indígenas, de ressaltar seu protagonismo, na busca de garantir o direito de sua existência com uma vida digna, com harmonia e autodeterminação.
LEGENDA: PARTICIPAÇÃO PRESENCIAL DE SINDICALISTAS E LIDERANÇAS INDÍGENAS
No Ato de Abertura, a cantora indígena, Cláudia Tikuna interpretou o Hino Nacional na língua Tikuna, causando forte emoção aos presentes. Bastante concorrido, o evento contou com a participação de autoridades políticas, sindicalistas e lideranças indígenas de todo país, como Ricardo Patah, presidente da UGT Nacional; a Secretária Estadual de Direitos Humanos, Gabriela Campazzo, representando o governador do estado do Amazonas, Wilson Miranda Lima; Representante da Secretária Estadual de Educação, Maria Josefa P. Chaves, Orlando Baré, Técnico Pedagogo e Gerente de Educação Escolar Indígena; Representante da Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara,Bruno Potiguara, Assessor Ministerial; do Secretário de Organização e Formação Político-sindical, Chiquinho Pereira; de Gustavo Garcia, Gerente de Programas do Solidarity Center no Brasil.
PARTICIPAÇÃO ONLINE DO PRESIDENTE RICARDO PATAH E DA PROFESSORA LUCIANA NASCIMENTO
Além das autoridades já citadas acima, também fizeram uso da palavra o Presidente da UGT/Amazonas, Nindberg Barbosa dos Santos; da representante da Associação da Comunidade Wotchimäncü (ACW), Claudia Tikuna, que falou em nome da Secretária Estadual Indígena da UGT (AM) e Presidente da Associação dos Trabalhadores Indígenas do Amazonas, Jusélia Lima, da Etnia Kokama; da Pedrinha Lasmar, Secretária da Mulher da UGT/AM; do Jornalista indígena, Yuri Magno R. Sapopemba, da Instituição Indígena Yãnde Muraki; da Dra. Fiorella Ramos, da etnia Warao da Venezuela; Edson Kambeba, Jornalista da TV Coari/AM, ativista em defesa da Juventude Indígena e do Movimento Mundial Climate Change; Ivo Alves do Nascimento, do Sindicato dos Estivadores do Amazonas, entre outros.
Durante os dois dias de Curso, lideranças indígenas, sindicalistas, palestrantes e convidados tiveram a oportunidade de debater questões como: “Modelo de Desenvolvimento, Trabalho e Meio Ambiente”; “Democracia, Paz e Trabalho Decente”; “Etnodesenvolvimento como Alternativa ao Atual Modelo, com Foco nos Povos Indígenas e na Agenda 2030”; e “Democratização dos Meios de Comunicação e a Etnomídia”.
CHIQUINHO PEREIRA ENTREGA DOCUMENTO COM PROPOSTAS AO REPRESENTANTE DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO, ORLANDO BARÉ
NOSSA LUTA É PELA VIDA
Para os participantes, os relatos e exposições das lideranças indígenas, além de um aprendizado, foi emocionante e tocante. As dificuldades de acesso à saúde, educação, segurança e o direito de ocupar suas próprias terras foram expressas em depoimentos comoventes e chocantes. “Nossa luta é pelo direito de garantir a nossa existência, de viver em paz em nossas terras, plantando, colhendo, preservando as nossas culturas e costumes. Não queremos dinheiro, mas sim políticas públicas que garantam uma vida digna para todas as nações indígenas que vivem no nosso Brasil.”, ressaltaram as lideranças de várias etnias presentes no evento.
Em seus relatos, essas lideranças indígenas informaram, por exemplo, que devido as ofensivas do agronegócio, do latifúndio, da grilagem, da mineração e do garimpo, homens, mulheres, crianças e jovens indígenas são obrigados a saírem de suas regiões e viverem nas periferias dos grandes centros, sem direito a uma alimentação diária, sem emprego e, muitas vezes, submetidos ao trabalho análogo a escravidão. A realidade dos jovens, crianças e mulheres é ainda pior, pois ficam expostos aos abusos e maus-tratos de várias formas. Para eles, é preciso que os governos compreendam e respeitem a autodeterminação desses povos e garantam sua existência, constantemente ameaçada.
CLÁUDIA TIKUNA, CANTA O HINO NACIONAL NA LÍGUA DE SUA ETNIA, TIKUNA
A construção de políticas públicas para a população indígena, a implementação de um desenvolvimento baseado no modelo de sociedade “Bem Viver”, a devolução de suas terras, contra o Marco Temporal foram algumas das propostas encaminhadas, através de um Documento, fruto dos debates ocorridos nessa Etapa Final do Curso de Formação Político-sindical e das Fogueiras Digitais realizadas anteriormente nos estados do Mato Grosso do Sul, Amazonas e Ceará. Esses documentos foram entregues às autoridades políticas dos estados, ao Congresso Nacional e ao Governo Federal.
A LUTA DOS TRABALHADORES É POR DEMOCRACIA, PAZ E TRABALHO DECENTE!
No decorrer das exposições e debates dos temas, os sindicalistas e trabalhadores/as perceberam que os opressores dos povos indígenas são os mesmos responsáveis pela perda de direitos trabalhistas, pelo desemprego, pelos baixos salários, pelas dificuldades do acesso à saúde, educação, moradia e segurança, ou seja, são os mesmos responsáveis por não termos a condição de uma vida digna, harmoniosa e pacífica.
O sistema neoliberal, comprometido em garantir o lucro e a ganância de uma pequena parcela da sociedade mundial, não tem escrúpulos e explora tanto a natureza, quanto a força de trabalho de homens, mulheres e até crianças, com o único objetivo: se manter como a única alternativa econômica, política, social e cultural do planeta.
Para isso, derrubam governos comprometidos com os interesses da população, atacam a democracia, retiram direitos, destroem a natureza, disseminam o ódio, o individualismo, o racismo, enfim, valorizam o preconceito como forma natural nas relações humanas.
Na opinião dos sindicalistas e trabalhadores/as que estavam no evento, ficou evidente que a União Povos Indígenas e Movimento Sindical é fundamental na luta em defesa da democracia, da paz e por trabalho decente. Neste sentido, é imperativo que os sindicatos promovam atividades diversas, envolvendo os trabalhadores/as para debater seus interesses e os interesses desses povos. Sem o aprofundamento e o conhecimento das dificuldades dessas duas realidades, fica impossível lutar e obter as vitórias necessárias para os direitos essenciais à vida humana.
Para a Coordenação do Curso de Formação Político-sindical da UGT e para os representantes do Solidarity Center (AFL/CIO), parceiro nesse projeto, esse tipo de atividade além de contribuir e ampliar o conhecimento dos trabalhadores, fortalece os sindicatos através do aumento do número de sindicalizações, e ficou evidente que a união com os Povos Indígenas vem no sentido de progredir nas lutas e conquistas, com maiores possibilidades de vitórias para todos e todas.
Suely Torres - UGT
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